quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Deixei a porta aberta

Joguei fora as chaves e deixei a porta aberta. Estou preso na minha própria liberdade. Estou solto para fazer o que quiser, posso saciar todas as vontades. Menos uma. Deixei a porta aberta, se tu quiseres entrar, não precisa nem bater. Aquele quarto que antes tinha vergonha de mostrar, agora está vazio esperando tu chegar. Podes vir a qualquer hora, ficarei aqui esperando...Esperando...Esperando. Espera, a culpa foi minha. Eu sei que foi. Mas eu ainda estou aqui pra tentar acertar. Pra deixar no passado aquele cara que pouco se fez diferente de tantos outros na multidão. Meus dedos cansados de tocar para ti. Minha voz já rouca de cantar sem tu ouvir. Meus olhos secos igual pó já não derramam mais lágrimas, mas ainda buscam ao horizonte enxergar teu sorriso adentrando minha porta como um raio de luz por meio as frestas. Este dezembro é o mais frio de todos, já que estás a aquecer outro abraço. Um abraço que já foi meu, um perfume que já adormeceu comigo, um olhar que poucos viram, mas que estará na minha memória até onde Deus permitir, até quando existir forças para lembrar, até o dia em que o vento irá fechar a porta que deixei aberta esperando tu voltar.

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