quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Eu hoje fui na praça


Eu hoje fui na praça. Aquela em que costumava ir. Fiquei lá sentado observando. Não parecia o mesmo lugar que eu frequentava, estava escura, vazia, fria. Talvez fosse o ângulo em que eu estava, eu nunca estive ali. Via tudo de fora e pude perceber cada ato que ali foi representado. Vi amigos jogados na grama, brincando depois de terem bebido batida de coco e também pude ver o vômito no chão. Vi um beijo sendo roubado sob a luz de uma das luas mais bonitas. Vi pulos, corridas, alongamentos e jumps sendo praticados com uma gana de vencer os próprios limites. Ouvi o som do violão sendo entoado pelos primeiros três acordes aprendidos. Senti cheiro de fumaça, de perfume. Presenciei até uma abordagem policial, talvez a mais inocente de todas, pegos em flagrante cometendo um crime hediondo: Andar de gangorra e escorredor em meio a flashes que capturavam momentos de pura diversão. Pude ouvir as risadas, os gritos histéricos, a distorção da guitarra elétrica, aplausos, rolamento de skate, silêncio. Silêncio. Tudo estava quieto. Somente o vento fazia as folhas mexerem. Os tocos de cigarro que caiam entre os dedos podiam até ensurdecer. A solidão estava à me acompanhar. Tudo aquilo que presenciei naquele local agora era passado. Tinha ficado em um outro tempo onde eu podia dizer que era feliz. Ali estava eu sentado sobre as minhas mãos que antes segurava outra, e outra, e outra... Segurava a amizade acima de tudo, acima de qualquer momento feliz, acima de qualquer experiência repartida, acima de todos os planos ali pensados. Agora eu estava só, não sentia mais o calor do abraço, mas sim o frio do vento batendo nas minhas lágrimas.

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